É, finalmente estou retornando ao blog. Uma série infinita de problemas e mudanças ocasionaram esse grande afastamento. Espero não ficar longe por tanto tempo mais. Esse retorno será marcado por textos inicialmente mais curtos e rápidos mas espero logo ter tempo de escrever mais.
Voltei a ler boas HQs esses últimos meses. E como fã do estilo sempre senti uma certa "vergonha" de nunca ter lido uma das mais famosas e comentadas HQs de todos os tempos: a fase do Laterna Verde e do Arqueiro Verde produzida pela histórica dupla Dennis O'Neil e Neal Adams nos anos 70, em especial a história do vício de Ricardito em heróina comentada até os dias atuais.
Estava em uma comic shop e dei de cara com o encadernado Grandes Clássicos DC 7 - Laterna Verde/Arqueiro Verde volume 2. Vi que era minha chance de ler essas histórias clássicas e históricas das HQs. E não me arrependi.
Embora tenha começado do volume 2 a história do ricardito estava lá.
Pra quem não sabe, Dennis O'Neil e Neal Adams são uma das duplas (diria juntamente com Marv Wolfman e George Pérez & Chris Claremont e John Byrne) mas importantes da história dos quadrinhos periódicos (e não em edições especiais, graphic-novels, etc.) de super-heróis. Eles foram os grandes responsáveis pelo retorno do Batman nos anos 70 à sua origem séria e sombria, fugindo do Batman camp dos anos 60 e abrindo as portas para os trabalhos de Frank Miller, Grant Morrison e Alan Moore com o personagem nos anos 1980.
Voltando ao Arqueiro e o Laterna: Nessa época os quadrinhos de super-heróis (principalmente da DC) passavam por um período, digamos, "bobo", fruto de vários problemas de anos anteriores (baixa venda, censura, criação do código de ética, condições sócio-políticas, etc.). O então editor da DC, Julius Schwartz, deu o aval e o auxílio pra dupla O'Neil/Adams publicarem a série.
Vendo hoje (após tantos Watchmens e Cavaleiros das Trevas), alguns detalhes parecem simplistas e até infantis mas falar abertamente de racismo, preconceito racial (são coisas diferentes pra quem não sabe), xenofobia, criminalidade, drogas e sua relação com a juventude(e o vazio existencial desta), meio-ambiente, etc. utilizando quadrinhos que não eram underground e que eram lidos pela grande massa foi algo inédito e inovador. Os super-heróis foram os personagens escolhidos para serem as vozes de todos esses discursos. A leitura é um passeio pelos problemas sociais e políticos dos anos 70 e que, infelizmente, ainda são os mesmo de hoje. As visões opostas e brigas da dupla Lanterna e Arqueiro servem como leitmotiv dessas discussões.
Enquanto o Laterna é mais conservador (mas não em um sentido extremo) o Arqueiro é o cara de visão aberta para diversos problemas - embora menos para os que estão embaixo do seu próprio nariz como mostra seu pupilo Ricardito.
Ao término da leitura fiquei extremamente feliz com o resultado final. E tudo o que já havia lido sobre o trabalho da dupla se confirmou: são grandes histórias. Como eu já disse, nos dias atuais determinados momentos podem parecer simplistas e piegas mas ainda funcionam bem. E o principal é que as histórias continuam extremamente relevantes nos dias atuais. Ainda nos fazem sentir e pensar. E esse é o papel de qualquer coisa que queira levar - nem que seja no menor grau possível - o título de Arte.
Agora é correr atrás do volume 1.
p.s.: há uma três histórias finais de poucos páginas que são tapa-buracos de revistas de outros personagens (como o Flash) mas que também funcionam bem.
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