sábado, 22 de novembro de 2008

Judas Priest


Inicialmente esse blog seria voltado apenas pra HQs, cinema e literatura. Porém vou abrir algumas exceções em relação a algumas bandas que adoro como é o caso do Judas Priest. Sexta (14/11/2008) fui no meu terceiro show dos caras (segundo com Rob Halford nos vocais) e foi simplesmente o melhor de todos. Halford cantando muito, banda tocando idem e todos com energia de garotos. Público não muito cheio mas incrivelmente feliz e enérgico. Foi um showzaço com músicas que não tocam facilmente como Eat me Alive, Between The Hammer & The Anvil e Hell Patrol. Angel (do Angel of Retribution) ficou lindíssima ao vivo.


Isso só prova mais uma vez o quanto as clássicas bandas de metal mandam bem ainda ao vivo e representam o estilo como ninguém. Isso para um público de todos as idades desde moleques de 13 anos até senhores de 60 como essa noite mostrou.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

007 - QUANTUM OF SOLACE


Os leitores de quadrinhos sabem que em meados da década de 80 a DC Comics lançou uma saga intitulada Crise nas Infinitas Terras. O objetivo dessa mini-série era dar um reset em todo o universo DC para recomeçar tudo do zero. Batman (com Frank Miller); Super-Homem (com John Byrne); Mulher-Maravilha (George Pérez) e outros tiveram suas origens recriadas e melhor contadas.

Podemos dizer que Cassino Royale, a primeira aventura de James Bond com Daniel Craig, teve o mesmo objetivo em relação à franquia do agente secreto britânico do M-16. A história recomeçou do zero (inclusive utilizando a história do primeiro livro de Ian Fleming a apresentar o personagem) mostrando já de início como o agente conseguiu sua licença para matar.

A abertura já foi diferente, sem a famosa vinheta do espião andando e atirando para a tela logo após a vinheta da MGM. Em Cassino Royale ela veio posteriormente. 007 passou a ser mais sério e violento embora mais humano. Como era o início o filme mostrava um agente ainda inexperiente em algumas situações e, digamos, ainda com muito sangue quente no corpo. É um Bond nada metódico e dono da situação como seus antecessores, mas um 007 precipitado e sem muito controle ainda. No decorrer do filme, porém, se observarmos bem, veremos que alguns aspectos da identidade do Bond que conhecemos vai sendo forjada aos poucos até o final do filme. Nele também é apresentado o grande parceiro norte-americano de Bond: Félix Leiter da CIA (que já havia aparecido em Cassino Royale). Personagem que acompanha Bond desde o Satânico Dr. No, primeiro filme de 1962.

Quantum of Solace retoma o filme anterior do momento onde o primeiro termina, sendo o primeiro filme da série que segue cronologicamente o anterior. O filme começa direto sem a famosa vinheta de Bond atirando (que pensei que viria antes da abertura “principal” mas o que não ocorre, tendo me deixado chateado por tirar essa marca da série) indo diretamente para uma ótima perseguição de carros.

Inicialmente o filme é meio confuso (até pra quem viu o anterior). Porém, o seu maior defeito foi imitar descaradamente a cena de perseguição sobre casas do Ultimato Bourne, inclusive a luta apenas com som ambiente e a câmera tremida entre Bond e seu inimigo. Não que a cena seja ruim, pelo contrário, é muito boa, mas Marc Forster deveria ter vergonha de copiar um filme tão descaradamente. Bond influenciou Bourne e agora Borune influência Bond, algo extremamente normal em qualquer linguagem, mas, repito, essa cena não foi influência, foi quase uma cópia mesmo.

Entretanto, o filme que começou um pouco fraco e sem sentido vai melhorando bastante aos poucos e dando sentido a toda a história. Embora o filme realmente tenha alguma influência da trilogia Bourne (tirando a cena de perseguição que é cópia mesmo) como fã da série de Bond afirmo que a identidade e o espírito original da série são mantidos durante todo o filme, principalmente em relação aos filmes com Sean Connery e Timoth Dalton. Há até uma referência ao 007 Contra Goldfinger onde em vez de ouro a morte é ocasionada por petróleo que poderia ser considerado o ouro atual – que será futuramente substituído pela água???????

Embora o filme não tenha tantos diálogos quanto Cassino Royale alguns deles são extremamente irônicos e inteligentes remetendo inclusive à Guerra-Fria que servia como pano de fundo original da série. É o caso de quando um Félix Leiter de cara nada amigável diz a Bond se ele acha realmente que o que “eles” (os EUA) queriam com América Latina era por causa dos comunistas e da cocaína? Ótima frase irônica que resume um pouco da Guerra-Fria e a política externa dos Estados Unidos no período que era supostamente pra “proteger” os países sul-americanos do “malvado comunismo” ou a atual política de combate ao narcotráfico na América Latina. O comentário de Leiter mostra bem que as coisas não são (nem nunca foram) o que parecem.

Como eu disse o espírito é mantido. Há referência a outros filmes da série; Félix Leiter e a parceria M-16 e CIA, espionagem, ação, belas mulheres(embora poucas) e um Bond que pode parecer que está contra sua agência mas que ao contrário do Bourne (personagem que considero beeeeem diferente de Bond embora as comparações persistam e o atual diretor faça com que isso ocorra – futuramente escreverei algo somente sobre Bond X Bourne) não é, nem jamais foi um renegado – como vê-mos ao final do filme. Ou seja, ele é um agente que trabalha para manter o Status Quo porém, agora, com mais reflexão sobre suas ações.

Porém o que me deixou mais feliz ao término do filme e me levou a escrever essa resenha foram alguns fatos que acredito que poucos notam. Como disse acima a narrativa de Bond recomeçou do zero. E, embora muitos achem esse Bond muito diferente dos anteriores acho que não é bem assim. È incrível como, de forma bastante sutil, Cassino Royale e esse Quantum of Solace estão construindo a identidade do velho Bond que conhecê-mos aos poucos, com pequenos detalhes. A cada filme àquele velho Bond vai se formando.

Se o Bond de Craig é mais violento e quase uma máquina de matar ao término desse Quantum of Solace podemos observar por sua atitude na cena final (que seria de aprendizado) que no próximo filme talvez ele já seja mais metódico e, digamos, “limpo” e profissional.

O tema principal do filme é vingança. Tanto de Bond como de sua parceira russa (a atriz Olga Kurylenco). E (não vou aprofundar para não estragar o filme) a atitude da personagem de Olga ao cometer algo que queria e sua reação posterior com os diálogos que tem com Bond, possuem influência direta com a importante atitude que Bond toma ao final do filme (tendo seu quantum of solace do título) e que será essencial na formação de sua identidade.

No geral o filme tem seus defeitos (como a descarada cena copiar-colar do Ultimato Bourne) mas é um grande filme que só se torna realmente completo ao seu término quando tudo é costurado. É um filme que faz críticas a política externa de certos países e a problemas do mundo atual. No universo de Bond é um dos melhores da franquia (mas, no geral, Cassino Royale é melhor). Craig está construído de ótima forma a identidade de Bond aos poucos, sutilmente. Sendo o melhor Bond desde Sean Connery. Vale destacar também a ótima abertura inicial de animação na voz de Jack White e Alicia Keys.

Ah e só pra não esquecer mais duas coisas: 1-finalmente sabemos quem era a amada Vésper e se ela traiu ou não Bond; 2- lembram que reclamei no início da falta da vinheta clássica? Ela aparece em um momento bem oportuno que prova ainda mais que esses filmes da “nova franquia” estão mostrando a criação do antigo Bond aos poucos – embora mais conectado com o mundo atual.

Nota: 4.0 de 5.0


segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Próximo Oscar: Filmes "sérios" e "pops"


Acabou de sair a notícia no Jornal O Globo de que o próximo Oscar será mais “pop”.
A matéria mostra como grandes estúdios como Disney, Warner e Paramount pretendem fazer uma campanha para que filmes como Wall-E e O Cavaleiro das Trevas concorram ao Oscar de melhor filme, por exemplo.

A discussão gira em torno de que o Oscar quer se aproximar mais do público visto que a audiência do último foi uma das menores da história. Não pretendo no momento discutir a questão mercadológica do produto “filme” e do Oscar em si. Embora seja impossível nos separarmos dela.

O meu ponto principal aqui é outro. Há realmente um grande preconceito entre o filme “pop” em relação à qualidade. É como que todo e qualquer filme pop (ou baseado em HQs ou voltados para um gênero de animação, ação, aventura, comédia) não possa ser realmente “bom” e “sério”. Só o drama ou os filmes de guerra talvez.

Acho isso extremamente relativo. O Poderoso Chefão por exemplo é um filme extremamente popular mas ninguém o acusa de nada (pois o filme fala por si). Ele é visto como arte e pronto. Fez dinheiro? Muito. Mas aí os críticos vêem como acaso, algo que ocorre às vezes.

O ator concorrer ao Oscar por um papel de HQs, adaptação literária de livro de fantasia
ou algo do tipo também não é bem visto. Mas digo e afirmo: para um ator fazer um personagem de HQs e deixá-lo realmente coerente e verdadeiro, o cara tem que ser um grande ator. Muitas vezes eles são mais complexos do que muito personagem por aí. Além de já terem uma imagem na cultura popular. Não é qualquer um que faz isso. Por isso acho que o Ledger merece sim concorrer ao Oscar.

Homem de Ferro concorrer a melhor filme acho meio forçado, admito, pois acho o filme fraco em diversos pontos - embora tenha ótimas atuações. Mas O Cavaleiro das Trevas assim que saí do cinema vi que o que tinha acabado de assistir era uma grande filme, cinema – farei um post só sobre ele futuramente. O filme levanta diversas questões contemporâneas e faz pensar – além de diversos outros fatores técnicos. Fazer pensar é um ponto que considero essencial pra uma obra concorrer a melhor filme – embora a acedemia nem sempre pense assim, senão 2001 do Kubrick tinha que ter ganho tudo. Não interessa o gênero. Concordo com a indicação do Cavaleiro das Trevas e, dependendo dos concorrentes, torço por ele. Aposto que muitos saíram do cinema refletindo mais do que quando viram algum filme “sério”.

Mas o que quero dizer é que o que interessa é o filme ser bom tecnicamente e que faça o espectador pensar. Claro que o cinema dito “sério” não pode ser deixado de lado – Sangue Negro que o diga. Mas acredito que contar uma boa história na linguagem do cinema não é algo simples, seja no cinema “sério”, seja no “pop”. Se o filme do Batman não fosse do Batman mas suas discussões sociais e sua qualidade técnica fossem as mesmas, será que haveria essa discussão? Será que por se tratar de um personagem ícone da cultura de massa do século XX isso diminui um grande filme?

Resumindo: sou a favor de um Oscar misto e sem preconceitos de cinema “sério” e “pop”. O que interessa é ser um grande filme. Não interessa se 50 pessoas ou 1 milhão vão assisti-lo. Considero a cena do macaco de 2001 jogando o osso uma cena “pop”. Laranja Mecânica é um filme “pop” entre muitos jovens hoje. E alguém diria que Kubrick era “pop” e, principalmente, “comercial”? E se um dia um filme do David Lynch fizer grande sucesso? Às vezes o público surpreende. Isso diminuiria seu trabalho?

Vale enfatizar também que acredito que o cara que consegue fazer um filme que faz o espectador pensar e que ao mesmo tempo atraí muito publico seja alguém “diferenciado”. Pois o cara consegue trazer cultura e reflexão dentro do jogo da máquina holllywoodiana, ele a “usa” – e é “usado” também. obviamente. Assim ele pode fazer seu filme “sério” – o estúdio vai bancar – e seu filme “pop” - pra trazer dinheiro – o que não significa que o filme “pop” será um filme sem qualidade e vazio.

O fato é que o cinema – assim como as HQs – é uma linguagem nascida na indústria cultural e na sua cultura de massa. Infelizmente ela está ligada diretamente ao lucro, sem ele não existiriam nem os filmes “pop” nem os “sérios”. O que não podemos admitir é mal cinema e que não nos faça refletir.