segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Próximo Oscar: Filmes "sérios" e "pops"


Acabou de sair a notícia no Jornal O Globo de que o próximo Oscar será mais “pop”.
A matéria mostra como grandes estúdios como Disney, Warner e Paramount pretendem fazer uma campanha para que filmes como Wall-E e O Cavaleiro das Trevas concorram ao Oscar de melhor filme, por exemplo.

A discussão gira em torno de que o Oscar quer se aproximar mais do público visto que a audiência do último foi uma das menores da história. Não pretendo no momento discutir a questão mercadológica do produto “filme” e do Oscar em si. Embora seja impossível nos separarmos dela.

O meu ponto principal aqui é outro. Há realmente um grande preconceito entre o filme “pop” em relação à qualidade. É como que todo e qualquer filme pop (ou baseado em HQs ou voltados para um gênero de animação, ação, aventura, comédia) não possa ser realmente “bom” e “sério”. Só o drama ou os filmes de guerra talvez.

Acho isso extremamente relativo. O Poderoso Chefão por exemplo é um filme extremamente popular mas ninguém o acusa de nada (pois o filme fala por si). Ele é visto como arte e pronto. Fez dinheiro? Muito. Mas aí os críticos vêem como acaso, algo que ocorre às vezes.

O ator concorrer ao Oscar por um papel de HQs, adaptação literária de livro de fantasia
ou algo do tipo também não é bem visto. Mas digo e afirmo: para um ator fazer um personagem de HQs e deixá-lo realmente coerente e verdadeiro, o cara tem que ser um grande ator. Muitas vezes eles são mais complexos do que muito personagem por aí. Além de já terem uma imagem na cultura popular. Não é qualquer um que faz isso. Por isso acho que o Ledger merece sim concorrer ao Oscar.

Homem de Ferro concorrer a melhor filme acho meio forçado, admito, pois acho o filme fraco em diversos pontos - embora tenha ótimas atuações. Mas O Cavaleiro das Trevas assim que saí do cinema vi que o que tinha acabado de assistir era uma grande filme, cinema – farei um post só sobre ele futuramente. O filme levanta diversas questões contemporâneas e faz pensar – além de diversos outros fatores técnicos. Fazer pensar é um ponto que considero essencial pra uma obra concorrer a melhor filme – embora a acedemia nem sempre pense assim, senão 2001 do Kubrick tinha que ter ganho tudo. Não interessa o gênero. Concordo com a indicação do Cavaleiro das Trevas e, dependendo dos concorrentes, torço por ele. Aposto que muitos saíram do cinema refletindo mais do que quando viram algum filme “sério”.

Mas o que quero dizer é que o que interessa é o filme ser bom tecnicamente e que faça o espectador pensar. Claro que o cinema dito “sério” não pode ser deixado de lado – Sangue Negro que o diga. Mas acredito que contar uma boa história na linguagem do cinema não é algo simples, seja no cinema “sério”, seja no “pop”. Se o filme do Batman não fosse do Batman mas suas discussões sociais e sua qualidade técnica fossem as mesmas, será que haveria essa discussão? Será que por se tratar de um personagem ícone da cultura de massa do século XX isso diminui um grande filme?

Resumindo: sou a favor de um Oscar misto e sem preconceitos de cinema “sério” e “pop”. O que interessa é ser um grande filme. Não interessa se 50 pessoas ou 1 milhão vão assisti-lo. Considero a cena do macaco de 2001 jogando o osso uma cena “pop”. Laranja Mecânica é um filme “pop” entre muitos jovens hoje. E alguém diria que Kubrick era “pop” e, principalmente, “comercial”? E se um dia um filme do David Lynch fizer grande sucesso? Às vezes o público surpreende. Isso diminuiria seu trabalho?

Vale enfatizar também que acredito que o cara que consegue fazer um filme que faz o espectador pensar e que ao mesmo tempo atraí muito publico seja alguém “diferenciado”. Pois o cara consegue trazer cultura e reflexão dentro do jogo da máquina holllywoodiana, ele a “usa” – e é “usado” também. obviamente. Assim ele pode fazer seu filme “sério” – o estúdio vai bancar – e seu filme “pop” - pra trazer dinheiro – o que não significa que o filme “pop” será um filme sem qualidade e vazio.

O fato é que o cinema – assim como as HQs – é uma linguagem nascida na indústria cultural e na sua cultura de massa. Infelizmente ela está ligada diretamente ao lucro, sem ele não existiriam nem os filmes “pop” nem os “sérios”. O que não podemos admitir é mal cinema e que não nos faça refletir.

5 comentários:

Otavio Almeida disse...

Cara, eu li essa matéria no Segundo Caderno. Adorei a idéia de um Oscar mais popular. THE DARK KNIGHT neles!

Abs!

Robson Santos Costa disse...

Valeu Otávio. pelo menos alguém concorda comigo hehehehe.
Mas estou esperando críticas.

Otavio Almeida disse...

Críticas? Não entendi! Está bem legal! Quem merece críticas é o nosso time!

Abs!

Robson Santos Costa disse...

Nem me fala, aqueles dois empates...pqp...só xingando mesmo, agora é ganhar e ganhar senão adeus brasileiro e se brincar até Libertadores....

Robson Santos Costa disse...

Ah e sobre as críticas eu me fereri mais aqueles "puristas" do cinema puramente "arte" que tanto pregam (e que eu adoro mas cinema não é só isso, até pq, digo e repito, nasceu na indústria demassas que é contraditória por si só, é a Terceira Cultura do qual fala o Edgar Morin).